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Segurança

Proteção dos Pés


Quando utilizar e quais os tipos específicos para cada situação!

O item G.1 do Anexo I da NR 6 enquadra o calçado profissional como Equipamento de Proteção Individual para proteção dos membros inferiores. Os calçados de uso profissional protegem os pés dos trabalhadores dos riscos existentes nas diversas atividades laborais.

No mercado há variedades de modelos, materiais e soluções. A escolha deve considerar o campo de uso, a necessidade de proteção e o conforto.

Conforme lista de EPIs estabelecida no Anexo I da NR 6, os calçados para proteção dos pés podem proteger contra:

UMIDADE:

Devem ser hidrofugados (resistentes à penetração e absorção de água) ou impermeabilizados (resistentes ao vazamento). Quando há exposição maior à água, recomenda-se calçado impermeabilizado inteiro em borracha ou inteiro polimérico.
Usado em ambientes com uso de água ou áreas alagadas. Poderá também atender a outros riscos (exceto o risco elétrico) desde que testados e comprovados pelo CA.

IMPACTOS DE QUEDAS DE OBJETOS:

Possuem biqueiras em aço ou composite que resistem à energia de impacto de até 200 Joules e à compressão de até 15 kN (calçado de segurança), ou a energia de impacto de até 100 Joules e a compressão de até 10 kN (calçado de proteção).
Usado em ambientes com risco de impactos devido à queda de objetos sobre os artelhos. Poderá proteger de outros riscos desde que testados e comprovados pelo CA.

AGENTES CORTANTES E PERFURANTES:

Devem possuir palmilhas antiperfurantes e anticortantes em aço ou outro material resistente. Pode ser em couro, laminado sintético, PVC, PU ou borracha.
Para ambientes com materiais perfurantes e cortantes (construção civil, serviços de limpeza urbana e indústrias). Poderá também atender a outros riscos desde que testados e comprovados pelo CA.

AGENTES QUÍMICOS:

A degradação, permeação e tempo de resistência devem ser considerados na hora da escolha. Calçados em couro emborrachado com solado em PU ou inteiramente de borracha ou polimérico.
Contato com substâncias químicas em indústrias e laboratórios. Poderá também atender a outros riscos desde que testados e comprovados pelo CA.

AGENTES TÉRMICOS:

Para altas temperaturas pode ser em couro com solado de borracha nitrílica ou em fibra de carbono. Para baixas temperaturas pode ser em couro, PVC ou PU, com solado de borracha natural. Outros materiais poderão ser utilizados na forração e palmilhas para melhorar o resultado dos ensaios.
Para ambientes com altas ou baixas temperaturas. Poderá atender a outros riscos desde que testados e comprovados pelo CA.

AGENTES MECÂNICOS:

Podem ser calçados tipo bota ou coturno, com biqueira de proteção e cabedal confeccionado com material anticortante. Indicado para trabalhos com uso de motosserras.

AGENTES DE ENERGIA ELÉTRICA:

O cabedal pode ser em couro e o solado em PU, que proporcione resistência elétrica ou com borracha específica para o risco. Há calçados impermeáveis em borracha ou inteiro poliméricos. Pode atender a outros riscos (exceto umidade) desde que testados e comprovados pelo CA.

Revisão: José Luiz Hurmann Filho, técnico em Segurança do Trabalho e responsável pelo Departamento Técnico e de Qualidade da Bompel

Proteção Contra Quedas


Os modelos e a importância na escolha de um equipamento seguro

A Subsecretaria de Inspeção do Trabalho exige o uso de Sistemas de Proteção Contra Quedas sempre que a atividade for realizada acima de dois metros do piso inferior e houver risco de queda. Um sistema de proteção contra queda, formado por ancoragem, elemento de conexão e cinto paraquedista garante a proteção efetiva.

CINTURÃO ABDOMINAL:

Não protege contra quedas, mas limita distância e posicionamento. O cinturão tem fitas com comprimento ajustável por meio de fivelas. É fabricado em couro ou em material sintético como poliéster. Fixado ao corpo do usuário, é dotado de, no mínimo, duas argolas nas partes laterais. Essas servem para fixação do talabarte. As ferragens (argolas, fivelas, mosquetões) podem ser de aço forjado, aço inoxidável ou de ligas metálicas.

Usado na manutenção em postes de eletricidade, telefonia, TV a cabo, torres, corte ou poda de árvores. Sustenta o trabalhador na posição vertical ou na situação estática e seu uso deve ser associado ao cinto paraquedista.

CINTURÃO PARAQUEDISTA COM POSICIONAMENTO:

Quando fixado ao corpo do trabalhador distribui as forças de sustentação e de parada sobre as coxas, cintura, peito e ombros. Assim, proporciona o mínimo de impacto ao corpo do usuário. Possibilita a fixação do talabarte ou trava-queda à argola das costas ou do peito, conforme o modelo. É fabricado em material sintético como o nylon e o poliéster. O polipropileno está proibido. Deve atender a ensaios dinâmicos e estáticos que simulam uma queda dentro da pior situação possível.

Usado acima de dois metros de altura e em outras situações em que é necessária a movimentação do trabalhador em um mesmo nível. Por exemplo: construção civil, manutenção de estruturas, telecomunicações. O ponto seguro de fixação do talabarte sempre que possível não deve fazer parte da estrutura que serve de apoio para o trabalhador. A exceção é quando o uso for em uma PEMT (Plataforma Elevatória Móvel de Trabalho) onde o ponto de ancoragem deve ser identificado pelo fabricante.

CINTURÃO PARAQUEDISTA SIMPLES:

O paraquedista simples (sem o abdominal) é também uma opção que oferece ao menos um ponto “A” de retenção de queda, esta é a marcação para a conexão a um sistema de retenção. O ponto “A” pode ser dorsal ou peitoral, assim como no cinto paraquedista completo. Possibilita a fixação do talabarte ou trava-queda à argola das costas ou do peito. É fabricado em material sintético como o nylon ou poliéster (o polipropileno está proibido). Deve atender a ensaios dinâmicos e estáticos que simulem uma queda dentro da pior situação possível.

Pode ser utilizado quando não se tem demanda por posicionamento (cinturão abdominal) como em subida/descida de escadas, enlonamento de caminhão, em plataformas elevatórias, em trabalhos com linhas de vida, entre outros.

O ponto seguro de fixação do talabarte sempre que possível, não deve fazer parte da estrutura que serve de apoio ao trabalhador. A exceção é quando o uso for em uma PEMT (Plataforma Elevatória Móvel de Trabalho) onde o ponto de ancoragem deve ser identificado pelo fabricante da PEMT.

TALABARTE:

Dispositivo de conexão que faz a ligação a um ponto de fixação seguro. Há dois tipos de conexões que podem ser feitas por meio do talabarte: retenção de queda e restrição de movimentação/posicionamento. Elementos como cordas, fitas, cabos de aço providos de ganchos fazem a conexão entre o cinturão do indivíduo e o ponto de ancoragem.

Possibilitando que o trabalhador se posicione ou se locomova adequadamente numa estrutura, a escolha do equipamento correto exige que se saiba diferenciá-lo em sistemas com absorção de energia e sem absorção de energia. Usado em atividades diversas na indústria em geral, montagem de andaimes multidirecionais, espaço confinado, acesso por corda, trabalho com PEMT, em telhados, etc.

TRAVA-QUEDAS:

Dispositivo de conexão usado com cinturão de segurança tipo paraquedista e pode ser de dois tipos: deslizante ou retrátil. O deslizante é acoplado a uma linha de vida vertical ou horizontal e pode se deslocar em uma linha de ancoragem flexível ou rígida.

A linha flexível pode ser composta de cabo de aço ou corda de material sintético, e a linha rígida é constituída de um trilho de aço.
O trava-queda retrátil é composto por cabo de aço ou fita, que se estende ou retrai. Ao sofrer um impacto o indivíduo trava automaticamente.
O trava-queda deslizante pode ser usado em trabalhos em fachadas de prédios, andaimes, cadeiras, escadas tipo marinheiro, telhados, etc.
O trava-queda retrátil é utilizado para atividades com movimentação vertical ou horizontal com auxílio de troles como em espaços confinados, durante tarefas de carga e descarga de caminhões.

FIQUE POR DENTRO

  • A ancoragem é o ponto no qual o sistema será fixado e pode ser constituída de um ponto ou de uma linha de vida fixa a este ponto. Com talabarte ou trava-quedas, o elemento de ligação executa a união entre a ancoragem e o cinto. Já o cinto paraquedista envolve o corpo do trabalhador de forma ergonômica e possui ponto para conexão ao sistema.
  • O mercado de proteção em altura tem dado destaque aos sistemas de trabalho, como restrição de movimentação, posicionamento no trabalho, retenção de queda e acesso por corda. Cada um deles supre uma demanda específica, a partir da análise de riscos. Outra tendência é o conforto, como o acolchoamento dos cinturões abdominais e equipamentos com absorvedor ou desacelerador, que atenuam o impacto da queda.

A proteção efetiva contra quedas inclui outros equipamentos e sistemas, além dos Equipamentos de Proteção Individual. É o caso de andaimes, plataformas elevatórias, cadeirinhas, linhas de ancoragem horizontal e vertical, sistemas de rede do tipo forca, horizontais ou verticais, e sistemas de espera de ancoragem.

CABOS DE AÇO E CORDAS:

Utilizados nas cadeiras e andaimes suspensos e trava-quedas, seguem as determinações da NR 18 e das normas técnicas vigentes. Para evitar deformações permanentes devem ser enrolados e desenrolados corretamente.

Servem para sustentação da cadeira suspensa ou como cabo-guia para fixação do trava-quedas e cinturão de segurança tipo paraquedista ou como elemento de ligação ao cabo-guia.

ANDAIMES:

São dimensionados para suportar a carga de trabalho. O piso deve ser nivelado, antiderrapante, seguro e resistente. Também precisam ter sistemas de guarda-corpo, rodapé e telamento entre vãos. Outra novidade é a exigência do duplo talabarte com mosquetões, com abertura de 50 mm, para serviços em montagem e desmontagem de andaimes.

Há diferentes opções de andaimes: apoiados, fachadeiros, móveis, em balanço, mecânicos e motorizados. São utilizados na construção e, em alguns casos, nas montagens industriais.

LINHA VIVA:

Denominada de linha de ancoragem, são cada vez mais utilizadas devido à autonomia de movimentação que dão ao trabalhador. Fixas ou móveis, constituídas de trilho, cabo de aço ou corda.
Fixa – em fachadas com cadeira suspensa, em beirais de fachadas, em atividades que exijam boa movimentação do trabalhador.
Móvel – em telhados, em beirais e rampas com corda. É um sistema temporário, montado rapidamente a partir de pontos de ancoragem.

CADEIRA SUSPENSA:

Fabricada em aço, possui assento anatômico. Deve ser usada com trava-quedas e cinturão paraquedista. A conexão do cabo de aço da cadeira ao ponto de ancoragem deve usar cabo de aço independente, corrente, mosquetão ou manilha. Já o ponto de ancoragem do cabo de sustentação da cadeira deve ser independente do ponto de ancoragem do cabo do trava-quedas e resistir a, no mínimo, 1.500 kg. Este equipamento só deve ser usado quando for inviável o uso de andaimes suspensos leves.

PLATAFORMAS ELEVATÓRIAS:

São equipamentos do tipo tesoura ou lança, telescópicas ou articuladas, com acionamento elétrico ou a diesel. Esse equipamento móvel, autopropelido ou não, atinge ponto ou local de trabalho elevado, em geral até 45 metros de altura no mercado nacional.
Necessárias para a realização do trabalho em altura na indústria, na manutenção e na construção civil com exceção da atividade em redes energizadas.

Revisão: Antônio Pereira do Nascimento – Engenheiro de Segurança do Trabalho e Auditor Fiscal do Trabalho

Proteção Ocular e Facial


Quando e em quais situações deve ser utilizado?

Não se pode imaginar um ambiente com partículas volantes, respingos de líquidos, luminosidade intensa e radiações ultravioleta e infravermelha sem que a visão do usuário esteja protegida. Óculos de segurança, protetores faciais e máscaras de solda protegem olhos ou face contra este tipo de situação.

O conforto e a vedação são essenciais e, por isso, é preciso estar atento à variedade de modelos existentes procurando adequá-los aos diferentes formatos de rosto e preferências do usuário. Além do conforto, é necessário considerar os riscos a que o usuário está em contato em sua atividade e testar os produtos.

O tipo de lente ideal para cada atividade também deve ser avaliado considerando a diversidade de materiais como: policarbonato, resina orgânica, resina com tratamento e cristal.

PROTETORES FACIAIS:

Proteger a face do usuário contra impactos, poeiras, respingos químicos e radiações ópticas é função do protetor facial. O visor articulado se ajusta ao usuário por meio de uma carneira ou acoplado a um capacete. A maioria das viseiras são produzidas em policarbonato. Quando há riscos de impactos podem ser transparentes. Para ambientes de calor intenso, podem ser aluminizadas e douradas.

Recomendados quando a projeção de partículas volantes oferece maior risco, como no caso de operadores de equipamentos em madeireiras, em serralherias, no setor de bebidas; na aplicação de defensivos; jateamento; atendimento a emergências por bombeiros; riscos químicos e biológicos. Devem ser usados em conjunto com óculos de segurança.

ÓCULOS DE SEGURANÇA:

Proteger os olhos de impactos e radiações ópticas é a principal função dos óculos de segurança. Aliar proteção, beleza, cobertura e vedação da cavidade ocular é um desafio para o design moderno. Quando são do tipo ampla visão, vedam toda a região em torno dos olhos e protegem também contra respingos químicos e poeiras. O material predominante é o policarbonato, que possibilita resistência a impactos e diversidade de modelos. Também variam quanto à armação, lente, composição de materiais, tratamentos de superfície, como antirrisco e antiembaçante, e tonalidades de lentes.

Indicados quando há riscos de partículas volantes, pós e poeiras, gases, respingos de líquidos, calor, luminosidade intensa, radiações ultravioletas e infravermelhas e específicas como laser. Exemplos: siderurgia, metalurgia e construção civil, operações de manutenção em geral com uso de lixadeiras, fresas, fornos, parafusadeiras, etc. Verificar se o tipo de óculos escolhido atende aos riscos presentes no ambiente, pois nem todos os óculos de segurança protegem contra todos esses riscos.

MÁSCARAS DE SOLDA:

Protegem olhos, face, orelhas e a parte frontal do pescoço contra radiações ópticas e fagulhas geradas pelo processo de soldagem e devem ser resistentes ao calor. Os visores tendem a ser cada vez maiores melhorando o campo de visão do trabalhador. Os filtros de luz variam conforme o tipo de luminosidade. Podem ter o visor fixo ou articulado, com autoescurecimento ou não. Há o tipo escudo para processos mais simples, e o capacete para os mais complexos.

Usadas em processos de soldagem em diferentes setores: indústria automobilística, de autopeças, mecânica, forjaria, ferroviária, construção civil e naval.

FIQUE POR DENTRO

  • Como no Brasil não existe norma específica para óculos, protetores faciais e máscaras de solda, a Portaria 11.437 de maio de 2020 refere-se à norma americana ANSI Z87.1 de 2015. Essa norma estabelece os procedimentos e os requisitos técnicos para avaliação de EPIs como: marcações e ensaios de cobertura lateral, impacto de alta velocidade, penetração, transmitância, filtro de luz, risco de respingos líquidos, entre outros.
  • As proteções faciais são consideradas proteções secundárias, enquanto os óculos de proteção são considerados proteções primárias.
  • Segundo a norma ANSI Z87.1:2015, fica obrigatório, o uso de um óculos de proteção embaixo de uma viseira ou máscara.
  • Para os protetores faciais utilizados no setor elétrico, o nível de proteção para arco elétrico (ATPV) deve ser determinado segundo o protocolo de testes da Norma ASTM F2178.

Revisão: Luiz Eduardo Murakami Pinheiro – Engenheiro para a Área de Segurança Pessoal da 3M do Brasil.

Proteção da Cabeça


Qual o tipo de capacete ideal para cada função?

O capacete protege a cabeça do trabalhador reduzindo os efeitos do impacto de objetos e a possibilidade de ferimentos. É composto por casco, suspensão e uma tira jugular não obrigatória por norma. O casco geralmente é produzido em polietileno de alta densidade ou ABS. Já a suspensão tem a carneira, em geral, de polietileno de baixa densidade, e coroa do mesmo material ou em tecido.

A escolha requer avaliação dos riscos e conforto desde que observadas suas duas classes: capacetes Classe A que são aprovados para trabalhos de uso geral, e os capacetes Classe B que possuem aprovação para atividades energizadas por serem submetidos ao ensaio de rigidez dielétrica e tensão elétrica aplicada. Os tipos se subdividem em: aba total (Tipo I), aba frontal (Tipo II) ou sem aba (Tipo III). A escolha do tipo de aba não é uma exigência de norma e sim da cultura da empresa.

CAPACETE COM ABA TOTAL (TIPO I):

A aba se estende por todo o contorno do casco protegendo todo o perímetro da cabeça e o rosto. É composto por casco e suspensão (carneira e coroa). O casco pode ser em plástico rígido, resinas prensadas com tecidos (celeron), fibra de vidro com poliéster ou ligas de alumínio.
Usado em indústrias como a siderúrgica, do petróleo e de energia. Protege contra escorrimento de líquidos, contatos com objetos energizados e radiações solares.

CAPACETE COM ABA FRONTAL (TIPO II):

A aba está na parte frontal do capacete protegendo o rosto e os olhos de escorrimento de líquidos, de contatos com objetos energizados e radiações solares. Também composto por casco e suspensão, possui a mesma variedade de materiais do Tipo I.
Utilizado na construção civil, serviços de manutenção e indústria em geral, como, química, petroquímica, alimentícia, bens de consumo e de energia. Sempre em situações em que há risco de bater a cabeça ou para proteger da queda de objetos.

CAPACETE SEM ABA (TIPO III):

Como não tem aba, protege apenas a cabeça. Possui casco e suspensão e a mesma variedade de materiais para o casco dos Tipos I e II. Possibilita ter maior campo de visão acima da cabeça.
Recomendado para trabalhos em altura e em espaços confinados. O capacete geralmente possui jugular para manter o capacete na cabeça. Também pode ser usado por praticantes de alpinismo e trabalhadores de áreas florestais.

Revisão: Luiz Eduardo Murakami Pinheiro – Engenheiro para a Área de Segurança Pessoal da 3M do Brasil.

Proteção das Mãos


Quando utilizar e quais os tipos de materiais!

Proteger as mãos dos trabalhadores contra riscos mecânicos (abrasão, corte, rasgamento e perfuração), riscos químicos, riscos térmicos (calor e frio) e riscos biológicos é função das luvas de segurança. Para a seleção do material é essencial avaliar riscos, atividades e o tamanho das mãos do usuário.

Materiais e texturas diversas estão disponíveis no mercado, mas as principais novidades estão mais voltadas para os tipos de construções da luva do que necessariamente a novos materiais. O aspecto ergonômico e a associação entre diferentes tipos de proteção como mecânica e química são fatores considerados. Um exemplo é o desenvolvimento de luvas que favorecem o manuseio de pequenas peças e ao mesmo tempo protejam da contaminação química. Busca-se aliar durabilidade, conforto e um melhor dimensionamento do custo-benefício.

MALHA DE AÇO:

Com resistência mecânica pesada, protege contra agentes cortantes. Deve ser inoxidável sem a possibilidade de corrosão. O aço também deve ser de boa qualidade, aliando resistência e menor peso, e seus elos devem ser trançados e soldados.

Usada em abatedouros, açougues, frigoríficos e peixarias no contato com os discos de cortes, afiação de facas e desossa da carne.

COURO (RASPA/VAQUETA), TECIDO (LONA/ALGODÃO), POLIAMIDA-TECIDO (LONA/ALGODÃO/POLIAMIDA):

Um dos pontos fortes da luva composta por couro é a proteção contra perfuração. As de algodão podem apresentar revestimentos em látex natural, poliuretano e outras substâncias para aumentar a sua resistência contra os riscos mecânicos.

Usada quando há contato com agentes abrasivos e escoriantes. Por exemplo, operações em máquinas e manuais, transporte, manuseio e lixamento de chapas metálicas, coleta de lixo e outras operações.

PARA-ARAMIDA E FIBRA DE VIDRO REVESTIDA COM POLIETILENO:

Possui alta resistência mecânica. Podem ser usadas sozinhas ou em conjunto com outras fibras, como fio de aço inoxidável ou elástico. Protege de riscos de corte, abrasão ou dilaceração.

Com fio elástico permite precisão dos movimentos, como na linha de montagem de pequenas peças eletrônicas. Com fio de aço inoxidável, usada em trabalho com lâminas ou chapas cortantes.

COURO TRATADO, FIBRAS ARAMIDAS, TECIDOS MISTOS (PARA-ARAMIDA E CARBONO), CERÂMICOS:

Quando há exposição a temperaturas extremas, impede a ocorrência de queimaduras, como por exemplo, no manuseio de peças aquecidas.
Utilizadas em trabalhos com fornos, fundição, injetoras de plástico, padarias, estufas, soldagens, quando há contato com agentes térmicos e exposição ao calor a partir de 48Cº.

ALGODÃO OU NYLON COM REVESTIMENTO:

Produzidas em malha de algodão ou nylon, podem ou não receber revestimento em PU, látex natural, nitrílico, entre outros, na palma da mão e/ou dorso.
As de algodão com borracha vulcanizada na palma servem para setores que exigem alta resistência à abrasão, rasgos e perfurações. Já as de nylon banhadas em látex nitrílico ou PU proporcionam conforto e maleabilidade aliados à impermeabilidade da palma.

LÁTEX NATURAL NITRÍLICO OU VINYL:

Para procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos visa à proteção contra agentes biológicos. Látex para procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos; nitrílica ou vinyl para não cirúrgicos.
Utilizadas por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, profissionais de laboratórios. Sempre em procedimentos das áreas médica, hospitalar e odontológica.

EM PVC, LÁTEX NITRÍLICO E NATURAL, NEOPRENE E OUTROS:

Recomendadas para trabalho com produtos químicos e/ou abrasivos. Devem-se respeitar as tabelas químicas dos fabricantes, que indicam as substâncias a serem manuseadas e os índices de desempenho do material.
Usadas em diversos setores como na indústria farmacêutica, tintas e vernizes, adesivos, cosméticos e petroquímicos, sempre que se manipula um produto químico.

COURO OU FIBRAS COM MATERIAL INTERNO EM POLÍMERO (PALMA):

Possui polímero especial no lado interno para isolar as vibrações. Externamente a luva é em vaqueta ou fibra.
Protege contra vibrações de equipamentos como motosserras, usadas nos cortes de árvores, e marteletes, na construção pesada.

BORRACHA COM CHUMBO (PLUMBÍFERA):

Confeccionada em borracha equivalente a chumbo de 0,50 mm PB. Possibilita total movimento e conforto ao usuário.
Protege de radiações ionizantes existentes em estabelecimentos de saúde, principalmente na atividade dos técnicos e acompanhantes de raios-x.

ISOLANTES DE BORRACHA:

Protege contra choques elétricos e se dividem em seis classes. A menor classe “00” é para uso até 500V e a de maior classe “4”, para uso até 36.000V.
Em concessionárias de energia elétrica ou no setor elétrico de indústrias quando existe contato com eletricidade.

Revisão: Cassio Cozman – Assuntos Regulatórios da Ansell

Proteção Auditiva


Quais os tipos e quando utilizar o protetor auditivo?

O protetor auditivo deve ser utilizado durante todo o período de exposição, sempre que o nível de pressão sonora equivalente for igual ou maior que 85 dBA. Para a seleção do protetor auditivo mais adequado, é essencial considerar critérios como:

  • Nível de atenuação: buscar a proteção adequada ao risco, mas evitar a superproteção;
  • Diferenças anatômicas entre as pessoas: nem todas as pessoas se adaptam a um único modelo. Ter diferentes opções contribui para que cada indivíduo identifique o modelo que lhe proporcione uma vedação individual adequada e confortável;
  • Compatibilidade com outros EPIs: o protetor auditivo pode ter a sua eficiência comprometida pela interferência de outros EPIs, tais como hastes de óculos, capacetes, viseiras, entre outros;
  • Conforto: é fundamental para que seja utilizado corretamente durante todo o período de exposição;
  • Características da atividade e do ambiente: mobilidade, necessidade de comunicação, temperatura, sujidade, etc.

Uma grande variedade de tipos e modelos de protetores auditivos estão disponíveis no mercado para atender às diferentes necessidades. Eles são divididos em: protetores de espuma moldável, pré-moldados, capa de canal e tipo concha. Existem ainda algumas variações que se adequam a situações específicas como, tipo concha acopláveis ao capacete, ou com haste na nuca, modelos com tamanhos, formatos e materiais variados ou com recursos eletrônicos para a comunicação. Há ainda opções voltadas para ambientes climatizados ou com baixas temperaturas.

TIPO CONCHA:

Formado por duas conchas com material isolante acústico em seu interior e almofadas na região de contato com a cabeça, uma haste que propicia pressão e posicionamento das conchas.
Usado em todo tipo de ambiente, para trabalhadores que entram e saem de áreas ruidosas várias vezes ao dia, permitindo sua remoção com mais facilidade. Podem apresentar diferentes tipos de hastes e opção de peças de reposição.

COMUNICADORES:

Protetores tipo concha com recursos eletrônicos que permitem a conexão com rádios, telefones celulares, entre outros. Possuem autofalantes, microfone e podem ser conectados com ou sem fio.
Ideal para situações que necessitam de melhores condições de comunicação em ambientes ruidosos, onde a produtividade e a proteção podem ser afetadas por dificuldades de comunicação.

TIPO CAPA DE CANAL:

Formado por um arco plástico com espumas nas extremidades que se posicionam na entrada do canal auditivo.
Ideal para atividades onde há necessidade de se colocar ou retirar o protetor diversas vezes durante a jornada.

INSERÇÃO PRÉ-MOLDADO:

Protetor auditivo em geral composto por uma haste e três flanges que fazem a vedação dentro do canal auditivo. Confeccionado em elastômero sintético ou silicone, em geral contém um cordão.
Usado em todo o tipo de ambiente, a higienização com água e sabão neutro, deve ser diária para evitar acúmulo de sujeira e a proliferação de fungos e bactérias.

INSERÇÃO MOLDÁVEL:

Constituído de espuma que se molda ao canal auditivo. Possui modelos com ou sem cordão.
De fácil armazenagem e guarda, confortável, pode ser usado em todo tipo de ambiente. A vantagem é a maciez e a adaptação a diversos tamanhos e formatos de canais auditivos.

Revisão: Rafael Fernandes, Especialista de Desenvolvimento de Aplicação / Divisão de Segurança Pessoal 3M do Brasil

Proteção de Máquinas


Proteção de Máquinas

A nova NR 12 considera todo o ciclo de vida útil do equipamento desde o projeto até o seu sucateamento. Ainda exige que as fases sejam documentadas com procedimentos de segurança e manutenção. Esse histórico contribui para a prevenção de acidentes.

A proteção da máquina pode ser obtida através de uma barreira mecânica fixa dimensionada para impedir o acesso às zonas de perigo ou através de proteções mecânicas móveis intertravadas, tecnologias eletrônicas ou baseadas em câmeras (imagens) que não evitam, mas detectam a intrusão na área perigosa e levam a máquina a um estado seguro. As partes do corpo ficam protegidas de um contato com as áreas que oferecem riscos e a integridade física dos trabalhadores é preservada.

É importante não permitir burlas e ter categoria de segurança conforme análise de riscos e de acordo com as normas técnicas em vigor. Os trabalhadores devem ser capacitados.

As proteções (fixas ou móveis) e os dispositivos de segurança interligados devem considerar as características técnicas e operacionais da máquina e do processo. Também são parte integrante das máquinas e equipamentos, não podendo ser considerados itens opcionais.

MECÂNICA FIXA:

Mantida em sua posição, permanece fechada, de maneira permanente ou por meio de elementos de fixação. A remoção ou abertura só é possível com o uso de ferramentas.
As proteções fixas têm a aplicação limitada em função da frequência de acessos requeridos à zona de perigo por elas protegidas. Não devem ser aplicadas se for requerido acesso à zona de perigo, por turno.

MECÂNICA MÓVEL:

Dotada de intertravamento elétrico, é um tipo de proteção que pode ser aberta sem utilizar ferramentas. Geralmente é ligada por elementos mecânicos à estrutura da máquina ou a um elemento fixo próximo.

O acesso à zona de perigo é requerido por turno:

  • a) quando a abertura da proteção não possibilitar o acesso antes da eliminação do risco, a proteção deve estar associada a um dispositivo de intertravamento;
  • b) quando a abertura da proteção possibilitar o acesso antes da eliminação do risco, deve estar associada a um dispositivo de intertravamento com bloqueio.

ELETROELETRÔNICA:

As proteções eletroeletrônicas, utilizadas em todas as áreas de risco, compreendem as áreas de trabalho, de transmissão de movimento ou de movimento.
Há diversos tipos como cortina de luz, sensores, travas de segurança, sempre monitorados por redes de segurança com a categoria, nível de performance (Pl) ou nível de integridade de segurança (SIL) especificados pela análise de risco.

BASEADO EM CÂMERA:

O processo de trabalho na máquina é fotografado e comparado com uma imagem do procedimento executado corretamente. Se uma situação inadequada acontecer ou algum objeto estranho for detectado, a máquina para de funcionar.

É usado, por exemplo, em dobradeira, quando grava as dobras realizadas em procedimento seguro e as compara com as imagens das prensagens seguintes, podendo detectar a intrusão de dedos e/ou outras partes do corpo.

Revisão: João Baptista Beck Pinto – engenheiro Mecânico, engenheiro de Segurança do Trabalho e consultor na área de proteção de máquinas (NR 12).

Treinamentos de Segurança do Trabalho Obrigatórios


Treinamentos de Segurança do Trabalho

Quais são obrigatórios

Os treinamentos de segurança do trabalho também são chamados de treinamentos normativos ou treinamentos obrigatórios. Isso porque eles devem seguir as diretrizes de cada uma das Normas Regulamentadoras.

Além disso, os empregadores são obrigados, por lei, a capacitar seus trabalhadores que estão expostos a ambientes laborais, situações ou atividades de risco. Portanto, é seguro dizer que todos os treinamentos de segurança do trabalho são obrigatórios.

Atualmente, temos 36 Normas Regulamentadoras no Brasil. No entanto, apenas 14 exigem capacitações para uma execução segura das atividades. Portanto, é justamente sobre essas que vamos falar neste artigo, continue lendo!

O que são as normas regulamentadoras?

As Normas Regulamentadoras (abreviadas como NRs) servem como guias para a execução de atividades de risco ou em ambientes de risco. São elas que determinam as diretrizes a serem seguidas na execução de trabalhos em altura ou com eletricidade, por exemplo.

Criadas em 8 de julho de 1978, seu principal objetivo é padronizar, fiscalizar e orientar procedimentos obrigatórios, buscando, assim, garantir a saúde e segurança dos trabalhadores na execução de suas atividades diárias.

Em 1978, começamos com 28 Normas Regulamentadoras e, hoje, já temos 36. Por isso, abaixo vamos falar um pouco sobre as 14 NRs que exigem treinamentos para permitir a execução de atividades:

As NRs que exigem treinamentos de segurança do trabalho

Como mencionamos acima, 14 das Normas Regulamentadoras exigem treinamentos. No entanto, apenas 3 deles são exigidos para todas as empresas, independentemente de seu setor de atuação ou da atividade exercida pelo colaborador. São eles:

  • Treinamento de NR 1: a capacitação de disposições gerais, que toda empresa brasileira regida pela CLT deve seguir. Assim, ele ensina os colaboradores a respeito dos riscos laborais de sua função e do ambiente de trabalho, além de ficar ciente de todas as medidas tomadas pela empresa para evitar doenças e acidentes de trabalho.
  • Treinamento de NR 5: essa capacitação orienta sobre as regras para a criação da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (CIPA). Ela diz como deve ser feita, quem pode participar e quais empresas precisam de uma CIPA. Além disso, essa comissão é responsável por palestras que visam a prevenção aos acidentes de trabalho. Elas também atuam na fiscalização das operações, buscando proteger a vida dos trabalhadores.
  • Treinamento de NR 7: essa é a capacitação de primeiros socorros, que visa prevenir riscos ocupacionais independente do ramo de atuação da empresa. Ela também determina a implementação do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional).

Outros treinamentos de segurança do trabalho obrigatórios

Os outros treinamentos de segurança do trabalho não são obrigatórios para qualquer organização. Sendo assim, eles são destinados a setores específicos – esses, sim, são obrigados a capacitar seus colaboradores de acordo com a NR.

NR 6 – Treinamento para o uso de Equipamentos Individuais de Segurança (EPI)

Treinamento direcionado para toda atividade que exija o uso de EPI para sua execução segura. Que, aliás, é de responsabilidade da empresa empregadora.

NR 10 – Treinamento para Segurança em Instalações e Serviços Elétricos

A NR 10 regulamenta os trabalhos em instalações e serviços elétricos. Portanto, essa capacitação deve ser oferecida para todos os trabalhadores que lidam com redes elétricas de baixa ou alta tensão, seja de forma direta ou indireta.

NR 11 – Treinamento para Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

As capacitações da norma regulamentadora 11 devem ser feitas por todos os trabalhadores que operam equipamentos de transporte com força motriz própria, como por exemplo: empilhadeiras.

NR 12 – Treinamento de Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

Os treinamentos com foco na NR 12 devem ser feitos por todo funcionário que opere máquinas e equipamentos, como por exemplo: torno industrial ou guilhotina manual.

Treinamento para Caldeira, Vasos de Pressão e Tubulação

A norma regulamentadora 13 é voltada para empresas que possuem equipamentos como caldeiras, vasos de pressão e tubulação. Assim, seus trabalhadores devem participar das capacitações de NR 13 para garantir uma operação segura.

Treinamento para Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

Quando a norma regulamentadora 18 fala em meio ambiente, está falando do meio ambiente laboral na indústria de construção. Sendo assim, todos os trabalhes da construção civil e prestadores de serviço em canteiros de obras precisam passar pela capacitação.

Treinamento para Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis

Os treinamentos da norma regulamentadora 20 se dividem em 3 classes e entre os níveis básicos, intermediários e avançados. No entanto, independentemente do tipo de classe, todas as empresas que produzem, armazenam ou transportam inflamáveis e combustíveis, devem capacitar seus colaboradores de acordo com a NR 20.

NR 23 – Treinamento para Proteção Contra Incêndios

A norma regulamentadora 23 dispõe sobre a formação da Brigada de Incêndio das empresas. Portanto, ela orienta o empregador a informar os trabalhadores sobre o uso dos equipamentos de combate a incêndio, procedimentos de evacuação com segurança e os dispositivos e alarmes existente no ambiente de trabalho.

NR 33 – Treinamento para Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados

As capacitações de acordo com a norma regulamentadora 33 são feitas por todos os trabalhadores que executem atividades em espaços confinados, seja entrando nesses espaços ou supervisionando a saída.

NR 35 – Treinamento para Trabalhos em Altura

Assim como a norma anterior, os treinamentos em NR 35 são aplicados a todos os profissionais que executem atividades em alturas superiores a 2 metros do nível inferior, com risco de queda.

NR 36 – Treinamento para Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados

Por fim, os treinamentos da norma regulamentadora 36 visam avaliar, controlar e monitorar os riscos da indústria de abate e processamento de carnes e derivados. Portanto, se enquadra para todos os profissionais atuando nestas condições.

Ainda tem dúvidas sobre os treinamentos de segurança do trabalho?

Por serem obrigatórios, é comum ficar um pouco confuso com os treinamentos de segurança do trabalho no início. Afinal de contas, nem sempre a linguagem das NRs é fácil de compreender.

Estamos aqui para lhe ajudar!

Fonte: SOC

Ação preventiva eficaz


Não há preocupação em relação às consequências do uso indevido de produtos tóxicos.

Existem milhões de produtos químicos sendo que dezenas de milhares são utilizados na manufatura de itens ou na prestação de serviços, em sua maioria úteis e mesmo necessários à vida moderna, inclusive no campo da saúde. Entretanto, esses produtos podem ter efeitos prejudiciais à saúde, por vezes muito graves. Por exemplo, fármacos antineoplásicos podem salvar vidas, porém são genotóxicos e disruptores endócrinos podendo causar câncer, oferecendo, assim, risco sério aos aplicadores, donde um dilema ético: salvar vidas e expor profissionais de saúde a um agente tóxico? Felizmente, na maioria dos casos, não precisamos escolher, pois há conhecimentos que permitem a manipulação com segurança de produtos tóxicos, daí a grande importância das técnicas de prevenção.

Muitos produtos químicos como mercúrio e certos agrotóxicos, além de afetarem a saúde dos trabalhadores, também contaminam o meio ambiente: ar, água, solo, plantas, peixes, impactando sobre a saúde de toda a população. Produtos tóxicos utilizados no local de trabalho irão aparecer em itens de consumo, como cosméticos e materiais de limpeza, cujo descarte final será em algum compartimento ambiental, assim prolongando sua ação prejudicial. A estimativa da OMS é que mais de 13 milhões de mortes ocorrem, por ano, devido a esses riscos ambientais. Um relatório recente da ONU indica que a exposição a produtos químicos tóxicos causa anualmente o dobro das mortes por Covid-19 nos 18 primeiros meses e, ao mesmo tempo, alerta que as abordagens atuais para os gerenciar estão falhando no sentido de garantir um desenvolvimento saudável e sustentável.

A OMS estima que grande parte das 7 milhões de mortes anuais devido a câncer seja resultado de exposições ocupacionais e ambientais a agentes químicos, como benzeno, benzo-Α-pireno e dioxina. Até 8 de abril de 2022 a OMS confirmou 6.170.283 mortes por Covid-19. A pandemia causou uma verdadeira “revolução preventiva”, incluindo hábitos de higiene, isolamento, uso de máscaras, vacinas, ou seja, houve um esforço global nesse sentido. Por que não há uma preocupação equivalente em relação às consequências do uso indevido e sem cautela de produtos químicos tóxicos? Segundo a OMS “muitos casos de câncer causados por exposições ambientais e ocupacionais podem ser prevenidos. Prevenção primária das exposições… é a medida mais efetiva… salva vidas e economiza bilhões de dólares”. Há muito conhecimento em prevenção primária, entretanto, doenças ocupacionais graves continuam ocorrendo em todo o mundo, e também como consequências da poluição e de grandes desastres ambientais, devido à falta de medidas de controle básicas nos locais de trabalho. Por que existe uma lacuna tão grande entre conhecimentos e sua aplicação? Como podemos atravessar a “ponte” entre conhecimento e ação preventiva eficaz?

Como planejar ações eficazes quanto à Segurança Química? Como identificar falhas nas abordagens atuais?

SENSIBILIZAÇÃO

A fim de promover a prevenção de riscos ocupacionais e ambientais é necessário que haja conscientização e vontade política dos diferentes tomadores de decisão, ou seja, aqueles cujas ações podem realmente mudar o que necessita ser mudado. Como alcançá-los em nível governamental, empresarial, laboral e de consumidores? Como promover uma mentalidade preventiva e uma visão em longo prazo, ao invés de foco no lucro imediato?

No caso do Covid-19 houve um esforço global, com sensibilização dos tomadores de decisão, desde os governos até a população em geral.

Quando riscos ambientais e ocupacionais foram foco central na mídia gerando o mesmo tipo de preocupação? Infelizmente muitos tomadores de decisão só veem gastos na prevenção, ignorando as economias resultantes. Um grande erro é não acreditar que riscos antecipáveis possam se materializar, ou seja, falta o “princípio da prevenção”. É importante lembrar que o ideal é a Ação Preventiva Antecipada, ou seja, prever e evitar/ minimizar fatores de risco já no planejamento e projeto de processos, equipamentos e locais de trabalho, incluindo seleção adequada dos produtos utilizados. Um fato incontestável é que os custos da mitigação de danos resultantes, por exemplo, de grandes desastres, são imensamente maiores do que o investimento que deveria ter sido feito em preveni-los.

FALHAS

Existem falhas na pesquisa em áreas referentes à Segurança Química, pois os temas nem sempre são escolhidos dentro de uma visão ampla das necessidades em termos de prevenção. Um erro frequente é gastar recursos em busca de mais evidência sobre efeitos já conhecidos.

Obviamente a pesquisa em toxicologia é indispensável, porém a realidade é que não se consegue acompanhar a introdução de novos produtos químicos. O CRE (Regulamento UE – Classificação, Rotulagem e Embalagem de Substâncias e Misturas Perigosas) lista sete mil produtos químicos com suas propriedades toxicológicas, o que é apreciável. Entretanto, há milhares de substâncias ainda não devidamente estudadas, mas que podem ser tóxicas. Isso levou ao Princípio de Precaução, ou seja, à necessidade de não utilizar ou evitar exposição a certo produto, através de medidas preventivas eficazes, quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, mesmo na ausência de certeza científica absoluta.

É inegável a importância de pesquisa contínua quanto à prevenção primária de riscos. Uma medida que requer mais pesquisa é a substituição de produtos químicos tóxicos. Um exemplo de substituição eficiente, no caso de agrotóxicos, são as tecnologias naturais, como plantas que fertilizam o solo sem necessidade de produto químico. Obviamente, quando um produto é indispensável, devem ser estudados outros métodos eficientes de controle, inclusive na propagação e no trabalhador.

Existem falhas na formação em Higiene Ocupacional, profissão essencial no campo da Segurança Química, que incluem o foco exagerado em avaliações quantitativas e limitações quanto a aspectos importantes da prevenção/controle de fatores de risco. Quando prevenção é abordada, geralmente se resume à ventilação e EPIs, negligenciando outras medidas essenciais, como substituição, modificação de processos e práticas de trabalho. Outra falha se refere à ausência de conhecimentos em química, toxicologia e processos de trabalho, indispensáveis para o correto reconhecimento de fatores de risco, inclusive os “riscos ocultos”, como gases tóxicos que se formam acidentalmente, como as dioxinas. Um problema mais recente é o foco excessivo em sistemas de gestão, sem especificar a competência dos profissionais que estabelecem os objetivos e metas a serem atingidos e que, se não forem corretos, podem levar a um programa certificado, mas que não contempla riscos graves omitidos por falta de conhecimentos.

Uma citação importante e sempre válida:

“Saber não é suficiente; devemos aplicar. Querer não é suficiente; devemos agir” (Goethe).

Autor: Berenice I. F. Goelzer – Engenheira Civil e Higienista Ocupacional

Ciclo de segurança


Adequação em máquinas e equipamentos inclui passos básicos que evitam acidentes

A adequação da segurança de máquinas e equipamentos é com certeza um assunto de grande relevância nas indústrias brasileiras durante essa última década. No final de 2010, as exigências aumentaram quando a NR 12, que é nossa principal legislação sobre segurança de máquinas e equipamentos, passou por uma reformulação completa, e atrelado a isto houve também um aumento na fiscalização tornando a necessidade do cumprimento da norma uma realidade.

A alteração da NR 12 naquele período foi necessária devido ao cenário que o país vivia. Estávamos em um momento de expansão da industrialização e o nível de acidentes estava crescendo. Esta versão da NR 12 foi desenvolvida com base em normas técnicas, legislação internacional, como a Diretiva de Máquinas Europeia, e também em programas de prevenção que foram implementados em alguns estados por iniciativas das empresas, sindicatos, órgãos públicos como o PPRPS (com grande sucesso para prensas e similares iniciando no Estado de São Paulo e posteriormente foi aplicado em outros estados). Após a atualização de 2010, muitas outras ocorreram, mas as bases dos conceitos foram mantidas. Essas alterações tiveram o objetivo de aprimorar e dar padronização internacional à norma com a tecnologia atual.

A NR 12, assim como seus anexos, definem os princípios fundamentais e medidas de redução de risco para máquinas e equipamentos, a fim de prevenir a saúde e a segurança dos trabalhadores baseados em referências técnicas, normas, características das máquinas e equipamentos, no processo de produção e no estado da técnica que são as técnicas e tecnologias acessíveis e reconhecidamente comprovadas para este fim. Portanto, os conceitos de segurança desta NR são parte de um arcabouço de normas técnicas que nunca devem ser aplicados isoladamente e sim em conjunto, considerando as alternativas para atingirmos a excelência e garantirmos a usabilidade dos sistemas.

Assim, para assegurarmos a conformidade com a legislação, o processo necessário é iniciado pela apreciação de risco que conforme a NR 12 é um passo obrigatório. Porém, este é somente o princípio, é o entendimento inicial. Aplicando-se o processo referente ao Ciclo de Segurança de uma Máquina completa, podemos atingir um nível de segurança aceitável e de fato trazer os conceitos mais importantes que estão ligados à prevenção de acidentes. Isto está previsto no Capítulo 1 – Princípios Gerais da NR 12 na própria norma. Além disto, a redução de risco inerente ao trabalho é um dos direitos pétreos dos trabalhadores definidos na nossa lei máxima, a Constituição Federal Brasileira.

ETAPAS

Vamos entender melhor como funciona esse processo de adequação de segurança de máquinas. Quais seriam as etapas e a sequência para que tenhamos sucesso nesta empreitada?

O processo de adequação de segurança de máquinas ou também chamado “Ciclo de Segurança de uma Máquina” é um procedimento que consiste em cinco passos.

São eles: a apreciação de risco, a conceituação de segurança, o projeto de segurança, a implantação dos sistemas e a validação de segurança.

Cada uma destas etapas necessita ser concluída para iniciarmos a próxima. Ou seja, cada uma delas é a base fundamental de informação da próxima e assim chegamos à excelência deste processo. O que observamos na prática, é que quando pulamos etapas deste ciclo, o próximo passo fica comprometido, pois vai faltar informação para uma boa continuidade e lá na frente, após a máquina estar adequada, percebemos as máquinas com a proteções removidas, necessidade de retrabalhos, autuações de fiscalização e até acidentes graves que não deveriam acontecer.

Autor: Mauricio Barile

Engenheiro de Automação e Controle, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Consultor e CMSE® (Certified Machinery Safety Expert) da Pilz do Brasil.

 

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