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Home Office em Questão

Home Office em Questão


As organizações devem considerar os aspectos ergonômicos e suas estratégias no PGR.

O modelo de trabalho home office, impulsionado pela pandemia da Covid-19, tornou-se o novo padrão em expansão devido às inúmeras vantagens que apresenta para as corporações.

Aspectos associados à otimização do tempo, obtenção de independência, maior maturidade profissional, diminuição de custos pessoais e organizacionais, além do aumento de produtividade e redução do tempo no trânsito foram aspectos favoráveis e motivadores para o investimento no home office como modelo de trabalho para os envolvidos.

Entretanto, percebe-se a necessidade de igualar, ou aproximar, o investimento nas esferas pessoal e profissional, facilitando a interação entre elas, a fim de diminuir os impactos negativos dos conflitos família-trabalho e trabalho-família.

A adaptação ao ambiente de trabalho, além de uma negociação com a família, em termos dos costumes e do espaço para realização da atividade, reforça o imperativo da formulação de rotinas que equilibrem a realidade do trabalho a partir de casa e partam da realidade do trabalhador.

Mudanças nos aspectos de socialização são uma das consequências resultantes do trabalho em home office: trabalhar de casa promove a diminuição do contato pessoal, direto e diário com pares e superiores e em contrapartida, aumenta o contato com familiares e cônjuges.

Pesquisas futuras podem investigar estratégias de gerenciamento e adaptação desses trabalhadores para administrar a nova dinâmica de relacionamentos, além de buscar informações sobre alterações na qualidade das relações íntimas e profissionais. Nesta direção, políticas de aproximação por parte das empresas podem agir como agregadoras, possibilitando a ampliação da percepção de pertença (ligação psicológica entre colaborador e empresa) e da motivação para a atividade laboral. O menor feedback sobre as atividades profissionais pode influenciar na qualidade dos resultados.

Assim como características pessoais (atenção, resistência a frustrações e capacidade para se automotivar) também se fazem importantes nos momentos de distância das organizações e dos colegas de trabalho, podendo ser este um ponto a ser explorado em futuras pesquisas, dentro da área do trabalho remoto.

MONITORAMENTO

As organizações devem considerar e avaliar os aspectos ergonômicos propondo medidas de monitoramento destes trabalhadores.

A ergonomia e suas contribuições são vistas como uma espécie de recorte da realidade do trabalho, quando um especialista teria o papel de atestar a adequabilidade de determinada situação de trabalho. Essa limitação imposta à ergonomia, como se ela se resumisse em apenas analisar as situações sob a ótica da legislação brasileira, não traz aspectos importantes para uma mudança eficaz no trabalho e a sua devida adequação.

O ergonomista, para uma atuação eficiente e que apresente resultados duradouros, deve atuar em conjunto com os demais profissionais envolvidos na organização, como engenheiros, gerentes, supervisores, médicos, enfermeiros, entre outros, para que as questões do trabalho sejam consideradas em todas as fases do desenvolvimento produtivo. Nessa direção, é limitado o número de pesquisas ergonômicas quando se trata de ambientes de trabalho como o home office, visto que por se tratar de residências, muitas vezes, o design é priorizado ao invés das condições adequadas. O que resulta em ambientes agradáveis, mas ergonomicamente incorretos.

Por se tratar de um ambiente fora das instalações da empresa, a dificuldade de se intervir nas atividades em home office é maior. Os agentes de Saúde e Segurança do Trabalho necessitam se adaptar às novas condições e utilizar sua criatividade para propor ações eficazes e viáveis tanto para o empregado quanto para o empregador. Afinal, não estar no ambiente da empresa, não significa que os impactos dos trabalhos deixem de existir. E realizar as atividades laborais em sua casa não exime a necessidade de condições seguras e saudáveis de trabalho.

ORIENTAÇÕES

É necessário aplicar os conceitos de ergonomia, seja com a empresa fornecendo os meios para a intervenção e implementação ou treinando seus funcionários para que eles mesmos possam identificar os riscos e exercer melhorias.

Alguns exemplos podem ser: treinamentos em relação a aspectos relacionados à ergonomia como luz ambiente, ruídos, fluxo de ar e temperatura – que podem afetar o rendimento e conforto durante o trabalho; checklist sobre condições de organização e higiene do espaço no qual se irá trabalhar; sessões de caráter terapêutico para averiguar as condições psicossociais impactadas pelo isolamento, entre outros.

Durante a organização de um espaço de trabalho adequado no domicílio, o profissional deve dar preferência para locais arejados, preferencialmente evitando o quarto, e com iluminação natural, optando por iluminação LED quando esta não for possível; procurar manter os horários de rotina adotados na empresa; utilizar cadeira com selo da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para postura correta e evitar trabalhar deitado em sofás ou outro lugar.

Ressalta-se que a região mais acometida por dores musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho é a lombar, devido à natureza das estações de trabalho. Porém, tem-se verificado que as queixas referentes a dores nas regiões de ombro e pescoço estão se tornando muito frequentes.

A organização e o trabalhador devem realizar um exercício diário sobre as condições de sua atuação em home office havendo, assim, uma dinâmica entre ele e a empresa, ajudando-o na tomada de decisões.

Conheça a sua realidade, cultive formas de prevenção, veja o que já deu certo e mantenha, criando de tempos em tempos os ajustes necessários!

Autor: Jorge Chahoud

Engenheiro de Segurança do Trabalho e Ambiental, Pós-Graduado em Engenharia Biomédica/Clínica, Pós-Graduado em Ergonomia e Especialista em Higiene Ocupacional.

 

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